Em 1960, o programa “Noites Cariocas” era sucesso absoluto na TV Rio e, simultaneamente, na TV Record. Um dos pontos altos do programa era a participação do personagem Santelmo, criado por Chico Anysio. Santelmo dos Anjos (Chico Anysio sempre dava nome e sobrenome aos seus personagens, embora nem sempre o sobrenome fosse conhecido do público) era um dedicado e inocente marido, que jamais percebia as traições de sua esposa, a Dadivosa. O personagem possuía características marcantes. Uma delas era a voz fraquinha e fina, que acompanhava um sorriso bobinho. Outra característica era o pirulito do qual sempre se deliciava durante os esquetes. O personagem também tinha um bordão que se tornou famoso: Ignoro!
Depois de Noites Cariocas, o personagem acompanhou Chico Anysio ao “Chico Anysio Show” tanto na TV Rio como posteriormente na TV Excelsior. A força do personagem pode ser conferida no interessante “telegrama” postado em página de edição do Jornal do Brasil de 1964 numa convocação de Santelmo por Chico Anysio, que anunciava sua volta à TV RIO. Ouça um esquete de Santelmo (com a participação da atriz Zélia Guimarães) gravado em 1962, no programa Chico Anysio Show, na TV Rio.
Quando se ouve falar em Vicente Leporace, a primeira lembrança que vem à mente é a daquele jornalista e radialista combativo, nunca intimidado, que por 15 anos (1963–1978) esteve à frente de um dos mais emblemáticos programas jornalístico e opinativo do rádio brasileiro: O Trabuco, da Rádio Bandeirantes.
Entretanto, em seus mais de 50 anos de trabalho em comunicação, Leporace também foi também apresentador de vários programas na tv.
Chegou, inclusive, a ser apresentador de um famosos programa infantil: A Grande Ginkana Kibon.
Vicente Leporace também enveredou pelos caminhos do esporte.
Sem falar nos programas que envolviam as novidades em discos, uma de suas paixões além do Corinthians.
Em outras vezes, Leporace assumia o seu lado jornalista sério.
Ou partia para o jornalismo com muito bom humor.
Vicente Leporace iniciou no rádio com apenas 16 anos na Rádio Club Hertz, da cidade de Franca (SP). Foi meio por acaso. O locutor da rádio faltou e ele foi chamado para apenas trocar os discos na vitrola e dar o prefixo da rádio, PRB-5. Nunca mais abandonou o rádio. Depois de Franca, foi para a Atlântica de Santos e, por um brevíssimo, período para a Mayrink Veiga, no Rio de Janeiro, onde trabalhava o radioator Sebastião Leporace, seu irmão. Em 1949, Vicente Leporace veio para São Paulo e começou a trabalhar na Rádio Record., despontando como uma excelente COMEDIANTE.
Leporace não era apenas um ótimo comediante, mas também um ótimo HUMORISTA, pois escrevia excelentes textos de humor, tanto para o rádio quanto para a televisão.
O reconhecimento de Vicente Leporace como comediante deu-se em 1955 quando recebeu o Troféu Roquette Pinto como “O Melhor Comediante de 1954″.
A fama de Leporace no humor radiofônico era incontestável.
E um de seus personagens mais marcantes foi… O PRIMO RICO, trabalhando ao lado de Brandão Filho, O PRIMO POBRE, uma criação de Max Nunes.
Vicente Leporace também fez comédia em cinema, atuando nos filmes Sai Da Frente e Nadando Em Dinheiro (ambos com Mazzaropi) e em É Proibido Beijar (com Tônia Carrero). Infelizmente não existem registros de Vicente Leporace como comediante. Mesmo assim, vale a pena relembrar (ou, então, conhecê-lo) seu humor sarcástico em trechos editados de uma entrevista dada em 1977 para o programa Vox Populi da TV Cultura. Clique no player e assista.
Seu nome de batismo era Juvemário de Oilveira Tupinambá, mas ficou conhecido como Mário Tupinambá. Nasceu em Nazaré da Farinhas-BA, em 1932, e faleceu no Rio de Janeiro, em 2010. Começou sua carreira artística como locutor na Rádio Excelsior da Bahia e depois foi radio-ator na Rádio Sociedade. Foi ali que se percebeu que, além de ator e locutor, era também um excelente comediante. Em 1952 saiu da Bahia e veio para a Rádio Bandeirantes já como comediante.
Em 1956, na Rádio Tupi do Rio, criou um personagem baiano recém chegado ao Rio. Dois anos depois Max Nunes criou o Deputado Baiano para o programa Boate do Ali Babá, personagem que lhe deu prestígio nacional. O personagem do Deputado Baiano foi, sem dúvida, o mais famoso e o que mais inimigos criou para Mário Tupinambá. Sobretudo alguns políticos baianos, que não gostavam muito da brincadeira. Um deles, Aliomar Baleeiro, chegou a culpar Tupinambá pela sua não reeleição em 1958 a deputado federal, tendo ficado na suplência (Aliomar Baleeiro foi Ministro do STF no governo Castelo Branco). E o então suplente ficou ainda mais p* da vida quando, para provocar, Tupinambá resolveu falar em cena que o convocaria para ser Ministro do Coco. Mário Tupinambá e o Deputado Baiano pareciam ser uma só pessoa. Seja nos momentos felizes.
Como nos momentos tristes.
Em 1959, no filme “Titio Não é Sopa,” com Procópio Ferreira, Mário Tupinambá faz uma participação especial com o personagem Deputado Baiano no musical “Baiano Burro Nasce Morto”, cantado pelo também baiano Gordurinha (Waldeck Artur de Macedo). Clique no player e assista à cena.
Além de atuar, Tupinambá também escrevia humor muito bem. Tanto é que Chico Anysio o manteve entre o quadro de redatores de seus programas por muito tempo. Foi em Chico Anysio Show, que Tupinambá criou o poeta baiano Bertoldo Brecha, parodiando o nome do poeta e dramaturgo alemão Bertholt Brechet. O personagem Bertoldo Brecha tornou-se famoso na Escolinha do Professor Raimundo com os bordões “Veeeenha” e “Zé Finí”. Em 1998, o personagem Bertoldo Brecha, na Escolinha do Barulho, da TV Record, de 1998, contracenava com Dr. Enéas Carneiro (Meu nome é ENÉAS!), que fazia participação especial como professor. Clique no player e assista à cena.
Acesse a página Pérolas Sonoras deste blog e ouça a marchinha “Peço a Palavra”, gravada em 1959, pelo próprio Deputado Baiano.
Renato Côrte Real (1924-1982) e Bisu (Tereza Ferreira Côrte Real) já eram casados quando Renato iniciou a vida artística em 1954. O casal protagonizou dois programas: “As Aventuras do Comendador” e “Papai Sabe Nada”, sendo este último juntamente com os filhos Ju Côrte Real (1949-2012) e Ricardo Côrte Real. Também estiveram juntos em vários outros programas como “Alegria 81″ (TVS) e “Faça Humor, Não Faça Guerra” (TV Globo). Veja Renato Côrte Real e Bisu em vídeo acessando o post Papai Sabe Nada na página Humor Brasileiro.
Quem alguma vez assistiu à série televisiva As Aventuras de Rin-Tin-Tin talvez não imagine quantas gerações de cães pastor-alemão chamados Rin-Tin-Tin tenham existido anteriormente. O verdadeiro Rin-Tin-Tin foi um filhote de cão pastor-alemão encontrado na França por um capitão da Forção Expedicionário dos Estados Unidos, durante a Primeira guerra Mundial. Quando voltou para os Estados Unidos, o regimento adotou o cão, que passou a ser treinado pelo próprio capitão, que foi – aliás – quem o batizou. O cinema americano utilizou-se da história e transformou o cão em herói de cinema e de rádio, produzindo aventuras de Rin-Tin-Tin nos dois veículos. NO Brasil, uma das primeiras referências que se tem de Rin-Tin-Tin está no anúncio de um seriado de cinema impresso no jornal Folha da Manhã, em 1925.
Os seriados com Rin-Tin-Tin como protagonistas saíram da década de 20 e entraram na década de 30 com o mesmo sucesso.
Meu amigo, comediante e humorista Carlos Alberto de Nóbrega, me confidenciou certa vez que, quando menino, seu apelido na escola era Rin-Tin-Tin por ser filho de um artista famoso: Manoel de Nóbrega. Juntamente com a collie Lassie, Rin-Tin-Tin era sinônimo de cão valente e corajoso, capaz de incentivar o desenvolvimento de tese como se pode ver no último parágrafo de matéria veiculada em 1955 pelo Estadão.
Rin-Tin-Tin foi lançado em gibi pela Editora Abril, em 1956, contando as aventuras do cão pastor-alemão.
Dois anos depois, Rin-Tin-Tin chegava às telas da televisão com direito a anúncio no jornal Folha da Manhã.
A partir daquele 24/09/1959, uma sexta-feira, a TV Tupi de São Paulo passaria a exibir um episódio da série todas as sextas em horário nobre, às 20 horas.
A série era ambientada no Forte Apache, na segunda metade do século 19, onde Rin-Tin-Tin juntamente com o garoto Rusty haviam sido adotados pelos soldados do exército.
Assim, Rin-Tin-Tin e o cabo Rusty acompanhavam o tenente Rip Master, sargento O’Hara e o cabo Boone enfrentando índios sioux, cheyennes, pele-vermelhas, comanches, assim como bandidos de uma forma geral. O Rin-Tin-Tin da série televisiva já era a quarta geração do Rin-Tin-Tin original.
O sucesso de Rin-Tin-Tin e Rusty era tão grande que fizeram com que surgissem os inevitáveis sorteios.
A série teve 160 episódios, foi filmada de 1954 a 1959, e foram utilizados, ao todo, três cães pastor-alemão. No Brasil, a série, totalmente dublada, foi inicialmente veiculada pela TV Tupi, tendo depois sido reexibida pela TV Record, TV Gazeta, TV Globo e mais recentemente o canal Warner. Uma das marcas registradas em todos os episódios era o comando dado pelo Cabo Rusty para que Rin-Tin-Tin atacasse o inimigo: Aiô, Rin-Tin! O responsável pela voz de cabo Rusty foi o ator e dublador Zezinho Cutolo.
Clique no player e relembre a abertura e um trecho do episódio O Ataque dos Comanches do seriado As Aventuras de Rin-Tin-Tin.