Baú do Maga

A pilantragem e o Mug

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Wilson Simonal (1938-2000) foi um dos maiores show man do Brasil. Em 1966 ele comandava o “Show em Si…monal” pela TV Record. 1966 SimonalDiante do sucesso do programa, em 1967  comandou “Vamos S’imbora”, também pela TV Record, juntamente com o comediante Othelo Zeloni. 

Revista São Paulo na TV 1967

Revista São Paulo na TV 1967

Simonal fazia suas apresentações introduzindo uma ginga toda especial  e trazendo novas expressões como “vamos voltar à pilantragem”, “vamos s’imbora!’ e “deixa cair”. Aliás, seu disco de 1966 chamava-se “Vou deixar cair…” Nesse disco, havia uma faixa intitulada “Samba do Mug”. O Mug era um bonequinho de pano, todo preto, calça vermelha xadrez, nariz e cabelo vermelho.

O Mug da sorte

O Mug da sorte

Um dos seus idealizadores foi Horácio Berlink Neto, que era produtor do programa “O Fino da Bossa”, comandado por Elis Regina e Jair Rodrigues. A ele juntou-se o empresário João Evangelista Leão. O Mug era tido como um boneco da sorte. Tornou-se uma febre. Era comum ver-se o boneco pendurado no retrovisor interno dos carros ou na parte interna da maçaneta das casas. Chico Buarque de Hollanda e Hebe Camargo promoveram o Mug em reportagens, atribuindo a ele a sorte obtida em algum momento.hebe_mug-e1283010244120 CChico Buarque chegou a ficar desesperado quando seu carro foi arrombado e dele o ladrão levou seu Mug. Mug do Chico 66Simonal acabou levando o Mug ao seu programa, cuja audiência fez o boneco ficar ainda mais valorizado. A febre do Mug não chegou a um semestre, mas foi, sem dúvida, um grande sucesso.
Você poderá ouvir “Samba do Mug” na sessão Pérolas Sonoras deste blog.

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O primeiro jogo

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Pelé fez sua estreia como jogador profissional em 1956 na cidade de Santo André, em São Paulo, contra o Corinthians local, pelo Campeonato Paulista daquele ano.
Veja a súmula do jogo.Pelé - Súmula 1º jogo - 1956Percebe-se que a desorganização e o improviso no futebol brasileiro não é coisa de hoje. Naquele tempo, a súmula era feita a mão, embora a máquina de escrever já tivesse sido inventada há tempos.

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Ói nóis aqui tra veis

demonios_garoa_2MPOGravada em 1968 pelos Demônios da Garoa, a música Ói Nóis Aqui Tra Veis, pela letra e pela melodia, parece ser mais uma composição de Adoniran Barbosa, pois trata-se de um típico samba paulistano.
Parece, mas não é.
Embora utilizando o mesmo modo de se expressar, a marcchinha foi composta por uma dupla de jornalistas, muito mais que amigos, verdadeiros compadres.
Um foi GERALDO BLOTA, o GB. gbJornalista, apresentador, cronista esportivo. GB foi repórter de campo da Rádio Jovem Pan num tempo em que seu locutor principal era… JOSEVAL PEIXOTO.JOSEVALasf_480x360Joseval Peixoto que há anos comanda o Jornal da Manhã, na Rádio Jovem Pan, e ultimamente vem comandando o Jornal do SBT ao lado de Raquel Sherazade.
Nos anos 60, Joseval e GB entendiam-se às mil maravilhas durante uma transmissão esportiva. Nem parecia que um estava na cabine e o outro dentro do gramado. Ficou célebre a brincadeira entre ambos quando um jogador dava um chute fraco para fácil defesa do goleiro.
JOSEVAL: Olha o chutinho dele, GB!
GB: Fraquinho, fraquinho!
A prova da autoria da música está no próprio compacto simples lançado pelos Demônios da Garoa, em 1968.contracapa
compactoAssim, Ói Nóis Aqui Tra Veis pode ser considerada uma música ao estilo Adoniran, que Adoniran jamais compôs.
Clique no player e ouça Ói Nóis Aqui Tra Veis com Os Demônios da Garoa. 

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Teobaldo e o Boko Moko

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Os anos 60 trouxeram para o Brasil, entre outras coisas, o rock, o jeans e a Coca-Cola. Ser jovem era sinônimo de consumir ao menos dois desses três itens. Isso fez com que o guaraná, refrigerante genuinamente brasileiro, tivesse o seu consumo diminuído drasticamente. As pesquisas realizadas identificavam que o refrigerante guaraná estava associado a crianças e idosos, não aos jovens.
Coube, então, à agência de propagandas Almap, que detinha a conta da Antártica, reverter esse processo.  Era preciso criar uma campanha a fim de atrair novamente o público jovem para a bebida nacional. O projeto foi confiado a Júlio Cosi Jr., diretor de criação da agência.  Depois de muitos embates e debates com a equipe de redatores, um deles teve um estalo: “E por que não criar um personagem jovem, que gosta de guaraná, mas que tem medo e vergonha de pedir porque é considerado refrigerante de gente quadrada?” Essa ideia veio do redator e assistente de criação, o genial Sérgio Andrade (1928-2009), o Arapuã, ou mestre Arapa.

Sérgio Andrade, o Arapuã

Sérgio Andrade, o Arapuã

Arapuã sugeria um personagem jovem com todas as suas dúvidas e seus eventuais vacilos.  E sentenciou: “Seu nome é Teobaldo”. Foi marcada uma reunião com conselheiros da Antártica juntamente com Walter Belian, presidente da companhia. Arapuã fala do Teobaldo e Belian aceita na hora, inclusive, chamando Arapuã de Teobaldo ao final da reunião.
Seria necessário, portanto, encontrar um ator para fazer o Teobaldo. Arapuã achava que não deveria ser galã e sim ter uma cara engraçada. A sugestão veio de Júlio Xavier da Silveira, diretor do Departamento de Cinema e Televisão. Lembrava ele de um ator, ainda em princípio de carreira, que fizera figuração em diversos programas de humor. E quem era o ator? Tratava-se de Roberto Marquis.

Roberto Marquis, o Teobaldo

Roberto Marquis, o Teobaldo

Roberto Marquis aceitou prontamente fazer a campanha.  Todos os filmes da campanha foram feitos pela dupla Júlio Xavier da Silveira e Zé Pinto.

Júlio Xavier e Zé Pinto

Júlio Xavier e Zé Pinto

O primeiro comercial foi posto no ar em 1970 e o seu sucesso foi tão grande que em pouco menos de três meses o Guaraná Antártica voltou ao topo das vendas. Clique no vídeo abaixo e assista ao primeiro comercial do personagem Teobaldo.

Com o enorme sucesso de Teobaldo como um anti-herói, Arapuã resolveu criar a seguir aquele que seria o seu arqui-inimigo: O Boko Moko. Boko Moko foi uma expressão criada por Arapuã para adjetivar quem estivesse por fora da onda, ou seja, quem não tomasse Guaraná Antártica. Clique no vídeo abaixo e assista a um comercial de Teobaldo falando do Boko Moko (postado por Almanaque da Comunicação).

Muito se especulou sobre a criação do termo Boko Moko. Houve quem dissesse ser uma mistura de bocó com mocorongo. Porém,  Sérgio Augusto Andrade, o Arapinha, filho de Arapuã, diz que nem o pai sabia explicar muito bem o porquê de haver batizado o vilão com aquele termo.
O fato é que por muito tempo Boko Moko esteve no dicionário da gíria brasileira e Roberto Marquis acabou assumindo Teobaldo como nome artístico. Ele ainda está na ativa, morando na cidade de Praia Grande, em São Paulo. 

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Marthus Mathias, a voz

Marthus Mathiasa

Marthus Mathias nasceu em Itajubá-MG, em 1927, e faleceu em Campo Grande-MS, em 1995.
Começou a carreira como radioator na Rádio Record, em 1951.
Teve uma carreira de altos e baixos, participando de radionovelas, telenovelas e vários filmes.
Sua voz forte e grave era sua marca registrada. E foi por causa da voz – quando emprestada na dublagem a um personagem de desenho – que o tornou nacionalmente conhecido. Marthus Mathias dublou Fred Flintstone, personagem do desenho Os Flintstones.
Clique no vídeo e assista a uma cena de Os Flintstones (1961) com Marthus Mathias como Fred.

Daquele ano em diante Marthus Mathias e Fred Flintstone tornaram-se praticamente uma só pessoa.
Clique no vídeo e assista ao comercial com a locução de Marthus Mathias.

Clique no video e assista a uma cena de Marthus Mathias no episódio Café Marcado da série brasileira Vigilante Rodoviário, em 1961.

Marthus Mathias participou  do filme Crônica da Cidade Amada, filme de Carlos Hugo Christensen, de 1964.
Clique no vídeo e assistia à sua cena como garçom contracenando com Walter Breda.

Marthus Mathias participou de quase uma centena de filmes (em geral, no papel de bandido). O primeiro foi o Cais do Vício, em 1953. Depois vieram Jeca Tatu, Casinha Pequenina, Os Amante da Chuva, Besame Mucho e Topo Gigio, o filme, e outros. O último foi Instrumento da Máfia, em 1988.
Também participou de telenovelas como Jerônimo, o herói do sertão (TV Tupi), A Muralha (TV Excelsior), Uma Rosa com Amor (TV Globo), Vitória Bonelli (TV Tupi) e O Espantalho (SBT).
Mas, apesar dos inúmeros trabalhos, Marthus Mathias será sempre lembrado pela sua a voz, a voz de Fred Flintstone.

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