Baú do Maga

Me dá um dinheiro aí

Moacyr Franco - 1960

Moacyr Franco – 1960

Em 1959 a TV Rio exibia, AO VIVO, um programa chamado Rio, Te Adoro. O programa era escrito por Aloysio Silva Araújo, Manoel de Nóbrega, Carlos Alberto de Nóbrega e Glauco Ferreira. Nessa época, Moacyr Franco era ainda um artista de 19 anos, quase desconhecido. Moacyr participava de algumas piadas e fazia um ou outro número musical. Certo dia, ele recebeu o texto de uma piada curta escrita por Glauco Ferreira. Nessa piada, o ator Iran Lima interpretada um marido que comentava com a esposa sobre o fato de haver muitos mendigos pedindo esmola na rua. A mulher dizia que era um exagero. Mas quando Iran foi abrir a porta de um armário de lá dentro saía Moacyr, de mendigo, dizendo apenas “moço, me dá um dinheirinho!”. A frase era curta e simples. Foi, então, que surge a figura do comediante Canarinho.

Canarinho ao lado de Carlos Alberto de Nóbrega na barbearia da TV Paulista

Canarinho ao lado de Carlos Alberto de Nóbrega na barbearia da TV Paulista

1960 Moacyr Franco Mendigo 1

Na imagem de baixo o Mendigo de Moacyr e Iran Lima, a sua vítima

Canarinho [que, à época, já era famoso] disse a Moacyr para que ele não ficasse restrito àquela simples fala. Que ele deveria dizer algo mais direto, mais incisivo, tal como “ei, você aí! me dá um dinheiro aí!” E que também não fizesse uma voz de coitadinho. Que usasse uma voz forte, marcante. E que também fosse para cima de Iran Lima insistindo, dizendo algo do tipo “ah, não vai dar? Não vai dar, não? Você vai ver a grande confusão”. Moacyr seguiu à risca os conselhos de Canarinho. E na hora em que ele entrou em cena no tipo de mendigo, usando uma voz rouca e indo para cima de Iran com insistência, a plateia veio abaixo em risos. O resultado foi um sucesso imediato do personagem daquele mendigo de voz rouca.  Em pouco mais de um mês o personagem do Mendigo estava estourado. A plateia, ansiosa, esperava pela sua entrada surpresa [ele saiu de dentro de geladeira, de cima do teto de uma sala, até de dentro de um carrinho de picolé] para atazanar o pobre do Iran Lima, pedindo esmola, sempre usando a frase sugeria por Canarinho: “Ei, você aí! Me dá um dinheiro aí!!

Glauco Ferreira [de barba falsa] e Moacyr Franco [o Mendigo do programam Rio, Te Adoro]

Glauco Ferreira [de barba falsa] e Moacyr Franco [o Mendigo do programam Rio, Te Adoro]

Pouco tempo depois, Glauco Ferreira [juntamente com os irmãos Homero e Ivan] apresentaram a Moacyr uma música com base nas frases que ele usava no programa. Trouxeram não só a ideia e sim a possibilidade de ele gravar em disco pela gravadora Copacabana. Moacyr não respondeu de pronto. Antes, preferiu conversar com Canarinho que, afinal, era quem havia lhe dado de mãos beijadas as frases. Canarinho disse apenas: “Tudo bem. Vá lá e grava, meu filho. Grava que vai ser um sucesso”. Moacyr gravou um disco em 78 rpm pela Copacabana. De um lado Me Dá Um Dinheiro Aí, dos irmãos Ferreira; do outro, Compromisso do Palhaço, de Sylvio Curval. A marchinha Me Dá Um Dinheiro Aí começou a ser exibida no programam Rio, Te Adoro e acabou se transformando no maior sucesso do carnaval de 1960. Capa Nº 307 bPor onde passasse, o Mendigo, isto é, Moacyr Franco era assediado pelo público. NO RIOAté hoje as frases criadas pelo Canarinho para o personagem do Mendigo, e adaptadas em marchinha pelos irmãos Ferreira, está entre as 5 mais tocadas em todos os carnavais. CURIOSIDADE Quando Moacyr Franco ainda não havia emplacado nenhum sucesso, Canarinho já era famoso e se apresentava em rádio, tv, no Cassino da Urca e em várias boates. Os dois se conheciam da TV Rio. Certa noite, Canarinho convidou Moacyr para conhecer o Cassino. Moacyr ainda era apenas um jovem vindo de Ituiutaba ficou empolgado. E lá se foram os dois ao Cassino. Canarinho entrou na frente e logo sumiu. Quando Moacyr foi entrar os seguranças o barraram. Moacyr argumentou que estava com Canarinho. Os seguranças mandaram chamar Canarinho para ver se era verdade. Canarinho voltou e, no maior cinismo, disse: “Nunca vi esse cara”.  Moacyr foi posto para fora. Mas tarde, ao se reencontrarem, Canarinho explicou: “Cara, eu te convidei pra conhecer o Cassino “por fora”. Você queria conhecer por dentro também? Ah, mas você é muito folgado…” Clique no player para ouvir e relembrar a marchinha Me Dá Um Dinheiro Aí na voz do mendigo de Moacyr Franco, sucesso total do carnaval de 1960 até os dias de hoje. 

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O Falcão Negro


Em meados de 1954, a PRF-3, TV Tupi de São Paulo [à época chamada de A Pioneira] lançava em sua programação a novela infanto-juvenil chama O Falcão Negro. Uma criação de Péricles Leal [que com apenas 24 anos também assinava o roteiro e a direção], O Falcão Negro consagrou rapidamente o personagem de capa-e-espada, transformando a novela num autêntico seriado de aventuras.

Péricles Leal, o criador do Falcão Negro

Péricles Leal, o criador do Falcão Negro

Inspirado no personagem de Robin Hood, com pitadas de O Zorro, o Falcão Negro era o alter ego de Jean Saint-Germain, nobre da corte francesa na Idade Média, cuja família fora morta pelo terrível barão Malik. O nobre Jean Saint-Germain teve, então, no caminho de sua vingança, um encontro inesperado com os Bandoleiros da Floresta, uma espécie de grupo rebelde, inimigo do barão Malik. Ali o nobre Jean conheceu os bandoleiros Raposa, Pé-de-Coelho, Sorriso, Louro… todos eles capitaneados pelo Pardal. E foi o próprio Pardal que, ao ver a determinação de Jean contra o barão, lembrou das palavras de Negro Vento, um velho maluco que anda pela floresta. Dizia ele: “Um dia, um falcão negro sobrevoará esta região e, empunhando uma espada, libertará o seu povo”. Surgia, então, o Falcão Negro, espadachim dos melhores, que usava uma máscara e tinha um falcão tatuado numa espécie de colete de couro. E no combate a todas as maldades, o Falcão Negro tinha como motivação o amor pela doce Lady Bela, também uma nobre. Péricles Leal convocou José Parisi, um dos galãs da época, para viver o Personagem do Falcão Negro.

José Parisi, o Falcão Negro - 1954

José Parisi, o Falcão Negro – 1954

Já a atriz Zuleika Maria foi convidada para interpretar a Lady Bela, que fazia o par romântico com o herói. 

Zuleika Maria, a Lady Bela

Zuleika Maria, a Lady Bela

 O Falcão Negro e Lady Bela formaram o primeiro par romântico de um seriado de aventura na televisão brasileira.

José Parisi, Péricles Leal e Zuleika Maria

José Parisi, Péricles Leal e Zuleika Maria

E como dado interessante sabe-se que o personagem do Pé-de-Coelho foi interpretado primeiramente por um jovem de 17 anos chamado José Bonifácio, que iniciara há pouco e televisão. Mais tarde, José Bonifácio (de Oliveira Sobrinho) seria chamado apenas de Boni, um dos maiores nomes da história da televisão brasileira. Era a época da tv ao vivo, pois o vídeo-tape ainda não havia chegado ao Brasil. As lutas de espada ocorriam quase de forma verídica em meio a cenários de florestas, pontes levadiças e interior de castelos, tudo criado pelos cenógrafos Klauss Frankie e Alexander Korowajcz. E é claro que erros em cena aconteciam.

1957 Falcão Negro ParisiEntretanto, problemas em cena não eram capazes de ofuscar o sucesso que a série fazia em São Paulo, aumentando dia a dia a audiência do Falcão Negro sempre às 19 horas.1958-01 Falcão Negro na programaçãoTrês anos depois da estreia em São Paulo, em 1957, O Falcão Negro estrearia pela TV Tupi do Rio de Janeiro tendo  tendo Gilberto Martinho como Falcão Negro e Haydée Miranda no papel de Lady Bela.

Gilberto Martinho e Haydée Miranda

Gilberto Martinho e Haydée Miranda

No ano seguinte, Haydée Miranda sairia do seriado e sua substituição causou grande expectativa a ponto de os jornais anunciarem com ênfase a nova Lady Bela: Delly Azevedo. 1958 faLCÃO NEGRO E A NOVA LADY BELACom Delly Azevedo no elenco o sucesso do Falcão Negro no Rio Janeiro foi amior até do que em São Paulo.

Gilberto Martinho e Delly Azevedo

Gilberto Martinho e Delly Azevedo

Assim como José Parisi, em São Paulo, Gilberto Martinho dedicava-se ao máximo nas cenas de luta do herói espadachim tendo como resultado muitas idas e vindas ao pronto-socorro.1958 Falcão Negro martinho atringido por espadaAlém de Zuleika Maria, Haydée Miranda e Delly Azavedo, a Lady Bela também foi interpretada pelas atrizes Renée Mara, Paulete Silva e Leda Vale. Porém, independente da co-protagonista, o fato é que – segundo se dizia à época – Gilberto Martinho vivia e respirada o Falcão Negro 24 horas por dia.

Gilberto Martinho em 1960

Gilberto Martinho em 1960

Ficaram célebres as lutas de capa e espada que o Falcão Negro [Gilberto Martinho] teve com seus inimigos [na foto, o ator Dari Reis].

Dari Reis e Gilberto Martinho - 1960

Dari Reis e Gilberto Martinho – 1960

O sucesso de O Falcão Negro pôde ser medido no carnaval de 1960 quando tornaram-se comuns os anúncios em jornal de fantasias infantis do herói.1959 Falcão Negro fantasia pro carnaval 2

O sucesso do seriado teve como consequência a transposição do herói para as revistas em quadrinhos produzida pela Editora Garimar.

Falcão Negro em quadrinhos

Falcão Negro em quadrinhos

Em 1958 também foi lançado um LP pela gravadora Carroussel, produzido por Péricles Leal, com música e direção musical do maestro Alceu Bocchino e coordenação de Stockler de Moraes.

O Falcão Negro em disco

O Falcão Negro em disco

Falcão Negro - Selo

Até na sátira à figura de famosos políticos da época havia alusão ao herói mascarado como se pode ver na imagem abaixo a figura de Armando Falcão, ministro da justiça do governo de Juscelino Kubitscheck.1959 Falcão Negro charge do armando falcão mis justiça gov juscelino O programa manteve-se no ar até 1963 sempre com enorme sucesso. Clique no link e ouça um trecho de As Aventuras de O Falcão Negro.

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A cena em que os Três Patetas se tornaram quatro

os-quatro-patetas

Em toda a sua existência [1933-1970] os lendários Três Patetas tiveram quatro formações. A primeira era formada pelos irmãos de descendência judia lituana Moe e Curly  (Moe Howard, cujo verdadeiro nome era Moses Horwitz e Curly Howard cujo verdadeiro era Jerome Lester Horwitz) e o amigo de descendência judia russa Larry Finne (cujo nome verdadeiro era Louis Feinberg.)

A 1ª formação de Os 3 Patetas

A 1ª formação de Os 3 Patetas

A segunda formação tinha os irmãos Moe e Shemp (Shemp Howard, batizado como Samuel Horwitz) e Larry.

A 2ª formação de Os 3 Patetas

A 2ª formação de Os 3 Patetas

A terceira formação viria com Moe e Larry mais o ator Joe Bresser.

Terceira formação de Os 3 Patetas

Terceira formação de Os 3 Patetas

E, finalmente, a formação com Moe e Larry mais Curly-Joe (nome artístico adotado pelo ator Joe DeRita).

Quarta e última formação de Os 3 Patetas

Quarta e última formação de Os 3 Patetas

Das quatro formações, as duas primeiras foram as que mais agradaram a extensa legião de fãs por gerações e gerações pelo mundo inteiro. Porém, em mais de 200 episódios, apenas uma única vez, em uma única cena, viu-se os três irmãos (Shemp, Moe e Curly) reunidos. A cena está no episódio Hold That Lion, de 1947. Clique no player e veja os quatro principais patetas (Shemp, Moe, Curly e Larry) reunidos. Esta é também uma homenagem ao saudoso amigo Cláudio Troyano, o Nani, que era o maior expert em Os Três Patetas no Brasil.

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Futebol feminino em 1959

Lance do jogo exibição Araguari A x Araguari B

A seleção olímpica feminina do Brasil mostrou um futebol muito mais convivente que a masculina neste início da Olimpíada Rio 2016. Mas o futebol feminino no Brasil é muito mais antigo do que se pode pensar. Em 1959, Ney Montes, esportista da cidade de Araguari (MG), conseguiu montar dois times de futebol feminino na cidade. O sucesso das moças correndo atrás da bola foi tão grande que Uberlândia, cidade vizinha a Araguari no Triângulo Mineiro, “importou” uma partida exibição.

1959 Lance do jogo exibição Araguari A x Araguari B

1959 Lance do jogo exibição Araguari A x Araguari B

Não é preciso dizer que o estádio ficou lotado por uma plateia masculina ávida para ver o jogo. Nem que fosse o jogo de cintura das moças. 

A goleira Cleusa foi um sucesso...

A goleira Cleusa foi um sucesso…

1959 - Goleira Cleusa do Araguari AC

Não precisava nem jogar.

1959 Porradas mil

Endurecer o jogo, sim…

Jogar, porém sem perder a vaidade

… porém sem perder a vaidade

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Sílvio Santos e A Marcha do Peru

Programam Manoel de Nóbrega - Rádio Nacional de São Paulo com Daniel Guimarães / Ronald Golias / Carlos Alberto de Nóbrega / José Sampaio / Maximira Figueiredo / Canarinho e Sílvio Sanbtos

Programa Manoel de Nóbrega – Rádio Nacional de São Paulo com Daniel Guimarães / Ronald Golias / Carlos Alberto de Nóbrega / José Sampaio / Maximira Figueiredo / Canarinho e Sílvio Santos

As décadas de 40 e 50 foram o auge dos programas de auditório no rádio. Um locutor, ou mais de um,  era quem lia os textos dos patrocinadores. Tudo ao vivo, claro. Não é preciso dizer que, houvesse o que houvesse, o locutor não poderia parar a leitura.
Nos anos 50, acontecia o seguinte durante o programa Manoel de Nóbrega da Rádio Nacional de São Paulo: um dos comediantes do elenco tinha a mania de dobrar a barra das calças do locutor enquanto este lia o texto dos anunciantes. Mesmo diante do divertimento da plateia o locutor não parava de ler… mas ficava vermelho como um peru. E isso lhe valeu o apelido de  “O Peru que Fala”.
O comediante era “simplesmente” Ronald Golias e o locutor era “apenas” Sílvio Santos.
Em 1959, na Rádio Nacional de São Paulo, Sílvio Santos visitou o programa de auditório “A Galera do Nelson” – comandado pelo radialista Nelson de Oliveira Ésper – para divulgar uma marchinha de carnaval, que  não poderia ter outro título a não ser “A Marcha do Peru”. Clique no player e ouça Sílvio Santos cantando “A Marcha do Peru”.

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