Simonetti Show – 1960/63
Enrico Simonetti [29/01/1924 – Alássio (IT) / 28/05/1978 – Roma (IT)] começou a estudar música aos 4 anos e aos 9 ganhou uma bolsa de estudos na Fondazione Accademia Chigiana, em Siena. Aos 11 já era considerado um virtuose ao piano tendo começado a estudar na Accademia Nazionale di Santa Cecília, em Roma. Dedicou-se completamente à música após a guerra. Em 1945 formou um conjunto e viajou com ele pela Itália, Suíça e Turquia, onde morou por dois anos.
1958 Simonetti e sua orquestra na escadaria do Teatro Municipal em S. Paulo
Começou a estudar música aos 4 anos e aos 9 ganhou uma bolsa de estudos na Fondazione Accademia Chigiana, em Siena. Aos 11 já era considerado um virtuose ao piano tendo começado a estudar na Accademia Nazionale di Santa Cecília, em Roma. Dedicou-se completamente à música após a guerra. Em 1945 formou um conjunto e viajou com ele pela Itália, Suíça e Turquia, onde morou por dois anos. Em 1949 retornou à Itália e ali recebeu um convite para excursionar pela América do Sul. O destino inicial foi o Chile e depois a Argentina. Por conta própria decidiu conhecer o Brasil, onde chegou em 1950. Não foi difícil para Simonetti encontrar emprego no Brasil, sobretudo na cidade de São Paulo, um dos maiores redutos da migração italiana.
Enrico Simonetti
Um de seus primeiros trabalhos foi o de fazer a parte musical num bar chamado Nick Bar, que ficava ao lado do Teatro Brasileiro de Comédia.
O Estado de São Paulo 1951
Seus arranjos ao piano chamaram a atenção da clientela do bar da qual fazia parte o o pessoal do TBC. Não demorou para que Simonetti recebesse o convite para musicar uma comédia que entraria em cartaz: O Anjo de Pedra, de Tennessee Willians.
O Estado de São Paulo 1950
Foi esse o seu primeiro trabalho profissional como músico no Brasil. No ano seguinte viria o convite para musicar o filme Presença de Anita, que foi um sucesso de bilheteria.
Revista do Rádio 1951
O Estado de São Paulo 1951
Dessa forma, através de seu talanto como pianista e, compositor e arranjador, Simonetti musicou inúmeros espetáculos tanto nos palcos quanto nas telas.
Revista do Rádio 1951
Revista do Rádio 1951
O Estado de São Paulo 1951
Revista do Rádio – 1952
Revista do Rádio 1953
Revista do Rádio 1953
O cinema abriu-lhe as portas para o veículo de comunicação mais forte na época: o rádio. Em 1952 ele era contratado pela Rádio Record de São Paulo.
Revista do Rádio 1952
Revista do Rádio 1952
Seu talento não tardou a ser reconhecido, pois no mesmo ano Simonetti ganharia seu primeiro troféu Roquette Pinto (que, na época, era o prêmio máximo do rádio e da televisão sobretudo em São Paulo).
Revista do Rádio 1952
Interessante observar que, aqui no Brasil, Enrico Simonetti aportuguesou seu nome, assinando Henrique. Por isso, à época, era muito comum ver-se Henrique Simonetti em revistas e jornais referindo-se ao maestro.
Henrique ou Enrico = Simonetti
Simonetti era um sujeito comunicativo e muito educado. Não havia quem não gostasse de trabalhar com ele. Tanto pelo seu talento quanto pelo seu bom humor.
Revista do Rádio 1952
O trabalho em cinema iria proporcionar outro momento de emoção para Simonetti: o de ser premiado com o Troféu Saci como melhor trilha sonora com o filme A Carne, em 1953.
Revista do Rádio – 1953
O Estado de São Paulo 1953
E, como não poderia deixar de ser, depois dos tablados, das telas e dos microfones de estúdio, Simonetti foi levado para a televisão, tendo sido contratado, em 1954, pela TV Paulista Canal 5.
Revista do Rádio 1954
Revista do Rádio 1957
Com uma produção artística invejável, Simonetti tornou-se um dos maiores nomes da gravadora Polydor.
Revista do Rádio – 1955
Revista do Rádio 1955
Revista do Rádio 1956
Simonetti é o último na parte de baixo
Em 1957, Simonetti trocaria a Polydor pela RGE. Em sua nova gravadora, além de ser o diretor artístico, Simonetti era também arranjador, tendo lançado vários nomes no mundo da música, dentre eles Maysa e Agostinho dos Santos.
1957 – Simonetti (o segundo da esquerda para direita) entre o maestro Erlon Chaves e a cantora Maysa
Capa do disco de Agostinho dos Santos produzido por Simonetti
Ainda no mesmo ano, Simonetti receberia vários prêmios como arranjador.
Simonetti criando um de seus arranjos – 1960
Dentre os prêmios estavam dois dos mais cobiçados prêmios do meio artístico. O primeiro delas foi o Prêmio Cidade São Paulo como o Melhor Arranjador de cinema com o filme Leonora.
Simonetti, o melhor arranjador
O filme que deu o prêmio Saci a Simonetti 1956
Simonetti recebe o prêmio Cidade de São Paulo das mãos de Jânio Quadros, à época, governador de S. Paulo
Da mesma forma, ele receberia o Troféu Roquette Pinto (seu segundo Roquette) como Melhor Maestro Orquestrador de televisão.
Revista do Rádio 1957
Destaque da página acima
O ano também coincidiu com o lançamento de seu novo disco com sua orquestra.
Primeiro LP de Simonetti pela RGE
É disco que eu gosto – 1957
Simonetti ainda lançaria vários outros discos, transitando muito bem entre os mais variados estilos.É preciso dizer aqui que ao final dos anos 50 a orquestra de Simonetti era a mais requisitada para os grandes bailes.
Simonetti e sua orquestra
Isso em um tempo que os bailes contavam com feras da batuta como Sílvio Mazzuca, Osmar Milani e Robledo.
Sílvio Mazzuca
Osmar Milani
Robledo
[Imagens acima obtidas no blog www.pontodosmusicos.blogspot.com.br]
Chegava, então, o ano de 1960, que seria particularmente marcante para a carreira do maestro no Brasil. Contratado pela TV Excelsior, Canal 9, de São Paulo, Simonetti foi convidado a apresentar um programa com seu nome. À frente de sua famosa orquestra Simonetti alternava música com esquetes criativos em que ele e alguns de músicos participavam. Dentre esses músicos destacavam-se Edgar [Edgar Gianullo, o guitarrista]; Capacete [Robero B. H. de Azevedo, baixista]; Juquinha [trompetista] e Hector Costita [saxofonista].
Simonetti Show – Edgard, Simonetti, Juquinha e Hector Costita
O famoso Boni [José Bonifácio Sobrinho] foi o primeiro diretor e roteirista de “Simonetti Show”, exibido todas as sextas-feiras, em horário nobre.
Revista 7 Dias na TV 1960
Revista São Paulo na TV 1960
Em seu livro [O Livro do Boni, Editora Casa da Palavra] Boni relata como tudo começou. “Em 1960, a orquestra do Simonetti ficou tão popular que passou a ser a campeã de bailes em São Paulo e a mais cara entre todas as orquestras de música dançante. Por essa razão, o Álvaro de Moya, diretor artístico da TV Excelsior, convidou o maestro Simonetti para fazer um show na televisão. O Jacques Netter ficou entusiasmado, contaminando o Scatena, e eu fui convocado para trabalhar no projeto. Simonetti e eu pensamos que não poderia ser apenas uma apresentação musical. Tínhamos na banda algumas figuras naturalmente engraçadas, como o Edgar, da guitarra, e o tímido Capacete, do contrabaixo. Pensamos então em intercalar música e humor feito pelos próprios integrantes da orquestra. O formato foi levado pelo Jacques ao Álvaro de Moya, que o aprovou com entusiasmo e me chamou para acertar o meu cachê.” Ainda no livro, Boni faz referências ao programa de estreia de “Simonetti Show”. “No primeiro programa, apareci vestido de cangaceiro, com uma faca entre os dentes, enquanto o locutor anunciava: ‘Este é o nosso querido e sempre carinhoso diretor.’ Fizemos miséria. Em um arranjo para samba da abertura de Guilherme Tell, havia um interminável solo de clarineta feito de propósito. Enquanto durava o solo, coloquei toda a orquestra para jogar baralho. Em um dos finais, criticado por muita gente como anticlímax, o Simonetti fez um arranjo em jazz para ‘Nana neném’. No auge do swing, virava uma melodiosa canção para dormir e ele, ao piano, bocejava, tirava uma dentadura falsa da boca, colocava dentro de um copo de água e caía no sono. Em seguida os músicos, progressivamente, iam parando de tocar e dormiam também. Os letreiros de encerramento foram apresentados ao som de roncos ensurdecedores e o programa terminou com o palco escurecendo.” No ano seguinte, Boni seria obrigado a deixar o “Simonetti Show”. Para o seu lugar havia sido indicado um ator e também roteirista do Rio Janeiro. Pelo fato de estar muito gripado, Boni foi obrigado a fazer na cama a entrevista com seu futuro sucessor no programa. Um cara chamado Jô Soares. Por esse motivo é que tanto Jô quanto Boni costumam dizer que se conheceram na cama. Sob o comando de Jô o “Simonetti Show” ganharia a presença feminina da atriz e cantora Lolita Rodrigues.
Lolita Rodrigues – 1960
Lolita participava do programa como a Dona Lola, uma espécie de secretária de palco de Simonetti, que participava tanto dos esquetes como de vários números musicais.
Última Hora – 1961
Revista Intervalo 1962
Simonetti e Lolita – Entrosamento perfeito na música e no humor
O programa que já era absoluto em São Paulo passou a ser sucesso também no Rio de Janeiro, Primeiramente na TV Rio.
ÚLtima Hora – 1961
E posteriormente na TV Excelsior – Canal 2 – Rio.
Revista Intervalo – 1962
Não havia comentário a respeito do “Simonetti Show” que não fosse elogioso.
O Mundo Ilustrado 1961
Revista do Rádio 1962
Última Hora – 1963
O sucesso de “Simonetti Show” conduziu o maestro ao seu terceiro Troféu Roquette Pinto, o de 1962, como melhor orquestra de televisão.
Troféu Roquette Pinto 1962
Em entrevista à Revista do Rádio, em 1962, Simonetti falava a respeito do seu programa.NO mesmo ano, Simonetti ganharia ainda o Troféu Saci [prêmio aos melhores do cinema brasileiro] como autor e arranjador da trilha sonora do filme Mulheres & Milhões.
Entrega do Troféu Saci – 1963
Até em garoto-propaganda ele se transformou.
O Cruzeiro – 1962
Em 1963, para tristeza do público brasileiro, o maestro Enrico Simonetti voltaria para a Itália.
Em 1963 a despedida durante a entrega do Roquette Pinto dos melhores de 1962
Porém, seu nome nunca seria esquecido.Era comum ler em jornais e revistas notícias a respeito da sua talvez (im)possível volta ao país.Da mesma forma, foram várias as notícias de encontros de artistas brasileiros com o maestro no exterior.
Depoimento de Moacyr Franco 1967
Depoimento de Chico Buarque de Hollanda – 1968
Simonetti continuou na Itália a sua carreira como músico. Mas não deixou de lado o humor, tendo participado de inúmeros esquetes no programa Sabato Sera, da RAI.
Revista Intervalo 1966
Simonetti e Isabella Biangi no Sabato Sera – 1967
Simonetti e Isabella Biangi no Sabato Sera – 1968
Da mesma forma, Simonetti continuou ligado ao cinema seja como compositor ou até mesmo como ator. Enrico Simonetti faleceu em 1978, aos 54 anos, em função de complicações em uma cirurgia.
O Estado de São Paulo 1978
Seguindo o caminho de Enrico, seu filho, Cláudio Simonetti, nascido do Brasil, vive na Itália desde que o maestro Simonetti para lá se mudou. Cláudio Simonetti é músico e produtor, tendo se tornado especialista na criação de trilhas musicais para filmes de terror como, por exemplo, Suspiria (1977), cuja trilha foi gravada pela banda Goblin da qual Cláudio Simonetti era o líder. Um dos últimos trabalhos de Cláudio Simonetti foi para o filme Drácula 3D do diretor italiano Dario Argento.
Maestro Cláudio Simonetti
Infelizmente não existem registros sonoros nem de imagem de Simonetti Show pela TV Excelsior. Mas é possível ao menos ouvir a voz do maestro. Clique no player e ouça uma gravação de Enrico Simonetti feita na Rádio RAI em que ele fala e mostra seu arrnajo ao piano para a música Le Foglie Morte.