Teobaldo e o Boko Moko

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Os anos 60 trouxeram para o Brasil, entre outras coisas, o rock, o jeans e a Coca-Cola. Ser jovem era sinônimo de consumir ao menos dois desses três itens. Isso fez com que o guaraná, refrigerante genuinamente brasileiro, tivesse o seu consumo diminuído drasticamente. As pesquisas realizadas identificavam que o refrigerante guaraná estava associado a crianças e idosos, não aos jovens.
Coube, então, à agência de propagandas Almap, que detinha a conta da Antártica, reverter esse processo.  Era preciso criar uma campanha a fim de atrair novamente o público jovem para a bebida nacional. O projeto foi confiado a Júlio Cosi Jr., diretor de criação da agência.  Depois de muitos embates e debates com a equipe de redatores, um deles teve um estalo: “E por que não criar um personagem jovem, que gosta de guaraná, mas que tem medo e vergonha de pedir porque é considerado refrigerante de gente quadrada?” Essa ideia veio do redator e assistente de criação, o genial Sérgio Andrade (1928-2009), o Arapuã, ou mestre Arapa.

Sérgio Andrade, o Arapuã

Sérgio Andrade, o Arapuã

Arapuã sugeria um personagem jovem com todas as suas dúvidas e seus eventuais vacilos.  E sentenciou: “Seu nome é Teobaldo”. Foi marcada uma reunião com conselheiros da Antártica juntamente com Walter Belian, presidente da companhia. Arapuã fala do Teobaldo e Belian aceita na hora, inclusive, chamando Arapuã de Teobaldo ao final da reunião.
Seria necessário, portanto, encontrar um ator para fazer o Teobaldo. Arapuã achava que não deveria ser galã e sim ter uma cara engraçada. A sugestão veio de Júlio Xavier da Silveira, diretor do Departamento de Cinema e Televisão. Lembrava ele de um ator, ainda em princípio de carreira, que fizera figuração em diversos programas de humor. E quem era o ator? Tratava-se de Roberto Marquis.

Roberto Marquis, o Teobaldo

Roberto Marquis, o Teobaldo

Roberto Marquis aceitou prontamente fazer a campanha.  Todos os filmes da campanha foram feitos pela dupla Júlio Xavier da Silveira e Zé Pinto.

Júlio Xavier e Zé Pinto

Júlio Xavier e Zé Pinto

O primeiro comercial foi posto no ar em 1970 e o seu sucesso foi tão grande que em pouco menos de três meses o Guaraná Antártica voltou ao topo das vendas. Clique no vídeo abaixo e assista ao primeiro comercial do personagem Teobaldo.

Com o enorme sucesso de Teobaldo como um anti-herói, Arapuã resolveu criar a seguir aquele que seria o seu arqui-inimigo: O Boko Moko. Boko Moko foi uma expressão criada por Arapuã para adjetivar quem estivesse por fora da onda, ou seja, quem não tomasse Guaraná Antártica. Clique no vídeo abaixo e assista a um comercial de Teobaldo falando do Boko Moko (postado por Almanaque da Comunicação).

Muito se especulou sobre a criação do termo Boko Moko. Houve quem dissesse ser uma mistura de bocó com mocorongo. Porém,  Sérgio Augusto Andrade, o Arapinha, filho de Arapuã, diz que nem o pai sabia explicar muito bem o porquê de haver batizado o vilão com aquele termo.
O fato é que por muito tempo Boko Moko esteve no dicionário da gíria brasileira e Roberto Marquis acabou assumindo Teobaldo como nome artístico. Ele ainda está na ativa, morando na cidade de Praia Grande, em São Paulo. 

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