FERNANDO SOLERA é considerado um dos maiores narradores esportivos da tv brasileira. Ele, que hoje está com 84 anos, nasceu em Ribeirão Preto e começou no início dos anos 50 na PRA-7, Rádio Clube de Ribeirão Preto. Em 1957 veio para a Rádio Difusora de SP e no ano seguinte iria para a Rádio Bandeirantes. Na Bandeirantes Solera fez de tudo. Além de ter sido repórter de campo, comentarista e narrador, também foi disc-jockey apresentando vários programas musicais, tais como Mil Discos é o Limite, Placar Bandeirantes de Sucesso e Agente 840.
1965 – Revista Melodias
1967 – Revista Melodias
1967 – Fernando Solera é o Agente 840
Fernando Solera – Sucesso no rádio
1970 – Fernando Solera, nome sempre presente na Rádio Bandeirantes
Fernando Solera – Sucesso no rádio e na tv
Solera também foi locutor jornalístico, emprestando sua voz ao Jornal Primeira Hora. A partir de Maio de 1967, com a inauguração da TV Bandeirantes, Solera foi convidado para ser o seu narrador esportivo número um. E o foi desde 1967 até 1983. Depois passou pela TV Record e TV Gazeta, até “ser aposentado” em 2014. Seu estilo de narração esportiva serviu de guia para outros profissionais, dentre eles simplesmente Galvão Bueno. Solera é pai do Dr Fernando Gaya Solera, nomeado pela FIFA como autoridade antidoping no Brasil. Solera criou para a TV Bandeirantes um nome para a jornada esportiva: O Melhor Futebol No Mundo é no 13. Isso veio a fazer com que ele se diferenciasse nas transmissões esportivas em seus tempos de TV Bandeirantes por ser o primeiro narrador da tv brasileira a não gritar o gol. Em vez do interminável gol ele dizia “O melhor futebol do mundo é no 13”.
Estadão – 1967
1967 – Fernando Solera narrando basquete
Estadão – 1968
1968 – O melhor futebol do mundo no 13 – Criação de Solera
1969 – Solera apresenta Escolinha de Futebol
1969 – Solera comanda mesa redonda na Bandeirantes
Estadão – 1969
O ápice de sua carreira aconteceria em 1970 na transmissão da Copa do Mundo, no México. Além de ser a primeira copa transmitida ao vivo, as emissoras de tv foram obrigadas a formar um pool de transmissão. Assim foram 4 narradores de três emissoras diferentes a fazerem as transmissões: Walter Abrahão e Oduvaldo Cozzi, representando os Diários Associados, a Tupi; Geraldo José de Almeida, a Globo; e Solera, a Bandeirantes. Por se tratar de um pool, Solera não poderia gritar o seu famoso “O melhor futebol no mundo é no 13”. Foi, então, que ele adaptou, exclusivamente para os jogos do Brasil, “O melhor futebol do mundo no barbante deles”. Na Copa de 70, Solera narrou o primeiro gol do Brasil, na estreia, e também o último, na grande final. Aliás, por haver narrado TRÊS dos QUATRO gols brasileiros na grande final, Fernando Solera recebeu o carinhoso apelido de Boca de Ouro.
Fernando Solera – O Boca de Outro da Copa de 70
A copa de 70, além de ser a primeira a ser transmitida ao vivo, também foi a primeira a ser transmitida em cores, embora — aqui no Brasil — todos os aparelhos ainda fossem em preto e branco. Nessa época, em suas transmissões, Solera costumava muitas vezes referir-se ao Pelé como “crioulo”. Essa “intimidade” causava certo desconforto em alguns colegas da imprensa. Tanto é que, já no México, um jornalista esportivo fez a seguinte observação: — Solera, você não acha que é uma falta de respeito, durante a narração, referir-se ao Pelé como crioulo? E Solera com todo o seu peculiar cavalheirismo respondeu: — Acho que não. Ainda mais agora que, com a chegada da tv em cores, todo mundo vai poder ver que em preto e branco ou colorido o crioulo é crioulo. Para matar a saudade, clique no player e assista aos melhores lances do 2º tempo do jogo Brasil 4×1 Itália, na Copa de 1970, narrados por Fernando Solera.
1958 Simonetti e sua orquestra na escadaria do Teatro Municipal em S. Paulo
Começou a estudar música aos 4 anos e aos 9 ganhou uma bolsa de estudos na Fondazione Accademia Chigiana, em Siena. Aos 11 já era considerado um virtuose ao piano tendo começado a estudar na Accademia Nazionale di Santa Cecília, em Roma. Dedicou-se completamente à música após a guerra. Em 1945 formou um conjunto e viajou com ele pela Itália, Suíça e Turquia, onde morou por dois anos. Em 1949 retornou à Itália e ali recebeu um convite para excursionar pela América do Sul. O destino inicial foi o Chile e depois a Argentina. Por conta própria decidiu conhecer o Brasil, onde chegou em 1950. Não foi difícil para Simonetti encontrar emprego no Brasil, sobretudo na cidade de São Paulo, um dos maiores redutos da migração italiana.
Enrico Simonetti
Começou a fazer a parte musical num bar chamado Nick Bar, que ficava ao lado do Teatro Brasileiro de Comédia.
O Estado de São Paulo 1951
Seus arranjos ao piano chamaram a atenção da clientela do bar da qual fazia parte o o pessoal do TBC. Não demorou para que Simonetti recebesse o convite para musicar uma comédia que entraria em cartaz: O Anjo de Pedra, de Tennessee Willians.
O Estado de São Paulo 1950
Foi esse o seu primeiro trabalho profissional como músico no Brasil. No ano seguinte viria o convite para musicar o filme Presença de Anita, que foi um sucesso de bilheteria.
Revista do Rádio 1951
O Estado de São Paulo 1951
Dessa forma, através de seu talanto como pianista e, compositor e arranjador, Simonetti musicou inúmeros espetáculos tanto nos palcos quanto nas telas.
Revista do Rádio 1951
Revista do Rádio 1951
O Estado de São Paulo 1951
Revista do Rádio – 1952
Revista do Rádio 1953
Revista do Rádio 1953
O cinema abriu-lhe as portas para o veículo de comunicação mais forte na época: o rádio. Em 1952 ele era contratado pela Rádio Record de São Paulo.
Revista do Rádio 1952
Revista do Rádio 1952
Seu talento não tardou a ser reconhecido, pois no mesmo ano Simonetti ganharia seu primeiro troféu Roquette Pinto (que, na época, era o prêmio máximo do rádio e da televisão sobretudo em São Paulo).
Revista do Rádio 1952
Interessante observar que, aqui no Brasil, Enrico Simonetti aportuguesou seu nome, assinando Henrique. Por isso, à época, era muito comum ver-se Henrique Simonetti em revistas e jornais referindo-se ao maestro.
Henrique ou Enrico = Simonetti
Simonetti era um sujeito comunicativo e muito educado. Não havia quem não gostasse de trabalhar com ele. Tanto pelo seu talento quanto pelo seu bom humor.
Revista do Rádio 1952
O trabalho em cinema iria proporcionar outro momento de emoção para Simonetti: o de ser premiado com o Troféu Saci como melhor trilha sonora com o filme A Carne, em 1953.
Revista do Rádio – 1953
O Estado de São Paulo 1953
E, como não poderia deixar de ser, depois dos tablados, das telas e dos microfones de estúdio, Simonetti foi levado para a televisão, tendo sido contratado, em 1954, pela TV Paulista Canal 5.
Revista do Rádio 1954
Revista do Rádio 1957
Com uma produção artística invejável, Simonetti tornou-se um dos maiores nomes da gravadora Polydor.
Revista do Rádio – 1955
Revista do Rádio 1955
Revista do Rádio 1956
Simonetti é o último na parte de baixo
Em 1957, Simonetti trocaria a Polydor pela RGE. Em sua nova gravadora, além de ser o diretor artístico, Simonetti era também arranjador, tendo lançado vários nomes no mundo da música, dentre eles Maysa e Agostinho dos Santos.
1957 – Simonetti (o segundo da esquerda para direita) entre o maestro Erlon Chaves e a cantora Maysa
Capa do disco de Agostinho dos Santos produzido por Simonetti
Ainda no mesmo ano, Simonetti receberia vários prêmios como arranjador.
Simonetti criando um de seus arranjos – 1960
Dentre os prêmios estavam dois dos mais cobiçados prêmios do meio artístico. O primeiro delas foi o Prêmio Cidade São Paulo como o Melhor Arranjador de cinema com o filme Leonora.
Simonetti, o melhor arranjador
O filme que deu o prêmio Saci a Simonetti 1956
Simonetti recebe o prêmio Cidade de São Paulo das mãos de Jânio Quadros, à época, governador de S. Paulo
Da mesma forma, ele receberia o Troféu Roquette Pinto (seu segundo Roquette) como Melhor Maestro Orquestrador de televisão.
Revista do Rádio 1957
Destaque da página acima
O ano também coincidiu com o lançamento de seu novo disco com sua orquestra.
Primeiro LP de Simonetti pela RGE
É disco que eu gosto – 1957
Simonetti ainda lançaria vários outros discos, transitando muito bem entre os mais variados estilos. É preciso dizer aqui que ao final dos anos 50 a orquestra de Simonetti era a mais requisitada para os grandes bailes.
Simonetti e sua orquestra
Isso em um tempo que os bailes contavam com feras da batuta como Sílvio Mazzuca, Osmar Milani e Robledo.
Sílvio Mazzuca
Osmar Milani
Robledo
[Imagens acima obtidas no blog www.pontodosmusicos.blogspot.com.br] Chegava, então, o ano de 1960, que seria particularmente marcante para a carreira do maestro no Brasil. Contratado pela TV Excelsior, Canal 9, de São Paulo, Simonetti foi convidado a apresentar um programa com seu nome. À frente de sua famosa orquestra Simonetti alternava música com esquetes criativos em que ele e alguns de músicos participavam. Dentre esses músicos destacavam-se Edgar [Edgar Gianullo, o guitarrista]; Capacete [Robero B. H. de Azevedo, baixista]; Juquinha [trompetista] e Hector Costita [saxofonista].
Simonetti Show – Edgard, Simonetti, Juquinha e Hector Costita
O famoso Boni [José Bonifácio Sobrinho] foi o primeiro diretor e roteirista de “Simonetti Show”, exibido todas as sextas-feiras, em horário nobre.
Revista 7 Dias na TV 1960
Revista São Paulo na TV 1960
Em seu livro [O Livro do Boni, Editora Casa da Palavra] Boni relata como tudo começou. “Em 1960, a orquestra do Simonetti ficou tão popular que passou a ser a campeã de bailes em São Paulo e a mais cara entre todas as orquestras de música dançante. Por essa razão, o Álvaro de Moya, diretor artístico da TV Excelsior, convidou o maestro Simonetti para fazer um show na televisão. O Jacques Netter ficou entusiasmado, contaminando o Scatena, e eu fui convocado para trabalhar no projeto. Simonetti e eu pensamos que não poderia ser apenas uma apresentação musical. Tínhamos na banda algumas figuras naturalmente engraçadas, como o Edgar, da guitarra, e o tímido Capacete, do contrabaixo. Pensamos então em intercalar música e humor feito pelos próprios integrantes da orquestra. O formato foi levado pelo Jacques ao Álvaro de Moya, que o aprovou com entusiasmo e me chamou para acertar o meu cachê.” Ainda no livro, Boni faz referências ao programa de estreia de “Simonetti Show”. “No primeiro programa, apareci vestido de cangaceiro, com uma faca entre os dentes, enquanto o locutor anunciava: ‘Este é o nosso querido e sempre carinhoso diretor.’ Fizemos miséria. Em um arranjo para samba da abertura de Guilherme Tell, havia um interminável solo de clarineta feito de propósito. Enquanto durava o solo, coloquei toda a orquestra para jogar baralho. Em um dos finais, criticado por muita gente como anticlímax, o Simonetti fez um arranjo em jazz para ‘Nana neném’. No auge do swing, virava uma melodiosa canção para dormir e ele, ao piano, bocejava, tirava uma dentadura falsa da boca, colocava dentro de um copo de água e caía no sono. Em seguida os músicos, progressivamente, iam parando de tocar e dormiam também. Os letreiros de encerramento foram apresentados ao som de roncos ensurdecedores e o programa terminou com o palco escurecendo.” No ano seguinte, Boni seria obrigado a deixar o “Simonetti Show”. Para o seu lugar havia sido indicado um ator e também roteirista do Rio Janeiro. Pelo fato de estar muito gripado, Boni foi obrigado a fazer na cama a entrevista com seu futuro sucessor no programa. Um cara chamado Jô Soares. Por esse motivo é que tanto Jô quanto Boni costumam dizer que se conheceram na cama. Sob o comando de Jô o “Simonetti Show” ganharia a presença feminina da atriz e cantora Lolita Rodrigues.
Lolita Rodrigues – 1960
Lolita participava do programa como a Dona Lola, uma espécie de secretária de palco de Simonetti, que participava tanto dos esquetes como de vários números musicais.
Última Hora – 1961
Revista Intervalo 1962
Simonetti e Lolita – Entrosamento perfeito na música e no humor
O programa que já era absoluto em São Paulo passou a ser sucesso também no Rio de Janeiro, Primeiramente na TV Rio.
ÚLtima Hora – 1961
E posteriormente na TV Excelsior – Canal 2 – Rio.
Revista Intervalo – 1962
Não havia comentário a respeito do “Simonetti Show” que não fosse elogioso.
O Mundo Ilustrado 1961
Revista do Rádio 1962
Última Hora – 1963
O sucesso de “Simonetti Show” conduziu o maestro ao seu terceiro Troféu Roquette Pinto, o de 1962, como melhor orquestra de televisão.
Troféu Roquette Pinto 1962
Em entrevista à Revista do Rádio, em 1962, Simonetti falava a respeito do seu programa.NO mesmo ano, Simonetti ganharia ainda o Troféu Saci [prêmio aos melhores do cinema brasileiro] como autor e arranjador da trilha sonora do filme Mulheres & Milhões.
Entrega do Troféu Saci – 1963
Até em garoto-propaganda ele se transformou.
O Cruzeiro – 1962
Em 1963, para tristeza do público brasileiro, o maestro Enrico Simonetti voltaria para a Itália.
Em 1963 a despedida durante a entrega do Roquette Pinto dos melhores de 1962
Porém, seu nome nunca seria esquecido. Era comum ler em jornais e revistas notícias a respeito da sua talvez (im)possível volta ao país. Da mesma forma, foram várias as notícias de encontros de artistas brasileiros com o maestro no exterior.
Depoimento de Moacyr Franco 1967
Depoimento de Chico Buarque de Hollanda – 1968
Simonetti continuou na Itália a sua carreira como músico. Mas não deixou de lado o humor, tendo participado de inúmeros esquetes no programa Sabato Sera, da RAI.
Revista Intervalo 1966
Simonetti e Isabella Biangi no Sabato Sera – 1967
Simonetti e Isabella Biangi no Sabato Sera – 1968
Da mesma forma, Simonetti continuou ligado ao cinema seja como compositor ou até mesmo como ator. Enrico Simonetti faleceu em 1978, aos 54 anos, em função de complicações em uma cirurgia.
O Estado de São Paulo 1978
Clique no player e divirta-se com uma apresentação de Enrico Simonetti no programam Sabato Sera, na RAI, em 1967, dando (literalmente) uma aula sobre humor.
Seguindo o caminho de Enrico, seu filho, Cláudio Simonetti, nascido do Brasil, vive na Itália desde que o maestro Simonetti para lá se mudou.
Maestro Cláudio Simonetti
Cláudio Simonetti é músico e produtor, tendo se tornado especialista na criação de trilhas musicais para filmes de terror como, por exemplo, Suspiria (1977), cuja trilha foi gravada pela banda Goblin da qual Cláudio Simonetti era o líder. Um dos últimos trabalhos de Cláudio Simonetti foi para o filme Drácula 3D do diretor italiano Dario Argento.
Nome: Ulisver João Baptista Linhares Nascimento= 15/10/1932-RJ Falecimento = 03/12/2015-RJ
Seu nome surgiu de forma inusitada: quando nasceu, cada um da família queria que tivesse um nome. Como não chegavam a um acordo, resolveram pôr todas as letras do alfabeto numa caixinha e sortear. Um por um dos sete parentes mais próximos sortearam as letras u-l-i-s-v-e-r e daí o seu nome de batismo: Ulisver. Segundo a Revista do Rádio de 1960, quando pequeno, Ulisver foi apelidado de Tutuca por suas tias em virtude do cabelo comprido que usava. Tendo feito o curso científico, ele tinha a intenção de ser médico, mas – ao que tudo indica – o amor teria entrado em sua vida e mudado o seu caminho. Já casado e com uma filhinha chamada Elizabeth, Tutuca trabalhou por um tempo como propagandista de produtos farmacêuticos. Isso foi até o dia em que resolveu acompanhar um primo a rádio onde trabalhava. A rádio era a Tupi-RJ e o primo era Wellington Botelho, que já era sucesso em rádio como cantor e comediante.
Wellington Botelho,
Apresentado por Wellington, Tutuca fez teste como cantor e foi aprovado. Começou a participar de programas musicais, porém recebendo apenas cachê. Um dia (segundo Tutuca, por uma sugestão de Max Nunes) ele resolveu cantar de forma diferente, usando modulação de voz, algo parecido como uma “taquara rachada”. NO meio da música Tutuca resolveu botar um “xiiiiiii”com várias modulações. O resultado foi o riso incontido do público. Surgia ali o comediante Tutuca, o homem da voz de serrote, como foi apelidado.
Revista do Rádio – 1960
Max Nunes, com seu eterno olho clínico, viu o potencial do artista e sugeriu que a emissora o contratasse como comediante. Era o ano de 1957 e junto com o contrato Tutuca ganhava ali outro presente: um personagem criado por Max Nunes: o Lambretildo, seu primeiro personagem de sucesso, para o programam Sequência G-3.
O 1º personagem na carreira
Lambretildo era um garoto que punha qualquer adulto em confusão.
Tutuca e Otávio França na Rádio Tupi – 1957
Tutuca passou pelas rádios mais importantes dos anos 50 e 60.Ali surgiram personagens como Fofoquinha, Filhinho do Papai, Papinho, o Madureira (em Miss Campeonato) e Garçom Crooner.
O garçom crooner, o homem da voz de serrote
Do rádio para a televisão foi um caminho natural. Ele participou dos grandes sucessos da televisão brasileira sempre com muito destaques.
Tutuca em Praça Onze – 1964
Tutuca e Paulo Gracindo em Noites Cariocas – 1964
Tutuca, (à esquerda) como engraxate em Noites Cariocas – 1964
Um de seus personagens mais marcantes foi o Clementino, um faxineiro desligado que nunca percebia que as mulheres davam em cima dele. O esquete do Clementino era sempre finalizado com o bordão “ah, se ela me desse bola!”, que logo caiu na boca do povo. Mas, apesar do sucesso como comediante e humorista (com o tempo, ele passou a escrever os próprios textos) Tutuca nunca abandonou a música. Para o carnaval de 1962 ele lançou duas marchinhas que fizeram relativo sucesso. Uma delas era “Minha Renúncia” numa alusão direta à atitude do ex-presidente Jânio Quadros seis meses antes.
Por outro lado, houve vezes em que resolveu lembrar dos tempos de cantor romântico, chegando mesmo a gravar canções de Roberto Carlos.Como não poderia deixar de ser, Tutuca fez shows em boates e em teatro, tanto em revista como comédia (foi quando surgiu o personagem gay do Magnólio, que anos depois seria apresentado em A Praça é Nossa como a única testemunha de um crime). Também fez cinema, tendo participado de filmes como “O home m do Sputinik”, “O homem que roubou a copa do mundo”, “Bom mesmo é carnaval” e mais recentemente em “Os Normais, o filme”.
Tutuca e Marisa Orth em cena de “Os Normais, o filme”
No final dos anos 80 Tutuca voltaria a fazer muito sucesso em A Praça É Nossa com o personagem “Chefinho” que tudo permitia à secretária Dona Dadá em detrimento do funcionário exemplar Seo Menezes. “Tadinha dela, seo Menezes”, dito com sua inconfundível voz em falsete, foi uma das frases mais marcantes do humor no final dos anos 80.
Tutuca, Marriete e Aldo César no quadro do “Chefinhoi” – A Praça é Nossa – 1999
Felipe Levoto, Tutuca e Aldo César no quadro “Magnólio” – A Praça é Nossa
Tutuca e Camila Pollentini no quadro “Clementino” em A Praça é Nossa
Nos últimos anos Tutuca esteve impossibilitado de trabalhar desde que sofreu um AVC. Um amigo nosso, o também comediante Maurício Manfrini (o Paulinho Gogó, de A Praça é Nossa), telefonou para saber como ele estava.
Paulinho Gogó
O diálogo do telefonema foi assim: — E aí, Tutuca? Como é que você tá? — Tá tudo bem, meu filho. — Me diz aí, como foi que aconteceu o AVC? — Ah, foi simples. Eu tava em casa sem porra nenhuma para fazer, aí pensei “ah, acho que vou ter um AVC”. E os dois começaram a gargalhar.
Abaixo a relação de alguns dos programas de rádio e tv em que Tutuca participou:
Sequência G-3 – Rádio Tupi-Rio
Boate do Ali Babá – Rádio Tupi-Rio
Miss Campeonato – Rádio Mayrink Veiga
A cidade se diverte – Rádio Mayrink Veiga
Vai da valsa – Rádio Mayrink Veiga
Cordão dos Chaleiras – Rádio Mayrink Veiga
Ali Babá e os 40 Garçons – Rádio Mayrink Veiga
Risos e Melodias – Rádio Mayrink Veiga
Boate do Ali Babá – TV Tupi-Rio
O Riso é o limite – TV Rio
Praça Onze – TV Rio
Noites Cariocas – TV Rio
Marmelândia – TV Tupi-Rio
Rua da Alegria – Rádio Tupi-RJ
São Paulo se diverte – TV Excelsior
Show Riso – TV Excelsior
Condomínio da alegria – TV Excelsior
Humor em Bossa Nove – TV Continental
VIP Show – TV Rio
Rio Ri À Toa – TV Rio
TV Rio Riso – TV Rio
Paulo Gracindo Show – TV Rio
Praça da Alegria – TV Rio
Bairro Feliz – TV Globo
Edifício Balança, mas não cai – TV Globo
Alô, Brasil; aquele abraço – TV Globo
Faça humor, não faça guerra – TV Globo
Risoteque 78 – TV Tupi
Pisulino – TV Tupi-SP
Café sem concerto – TV Tupi-SP
Apertura – TV Tupi
Reapertura – SBT
A Praça é Nossa – SBT
Zorra Total – TV Globo
Clique no link e assista a um esquete de Tutuca (com a participação de Beto Guarani e Rosana Moreira) em A Praça é Nossa, no 2000, interpretando o faxineiro Clementino.
Max Nunes (1922-2014) criou em 1953 para a Rádio Tupi-RJ o programam Um Pulga Na Camisola.
Max, em 1953, escrevendo seu programa
Como todo programa criado, produzido e escrito por Max Nunes, Um Pulga Na Camisola tornou-se rapidamente um grande sucesso.Um dos personagens criados por Max para o programa foi o Índio Patacotaco, que foi interpretado por Orlando Drummond [o seo Peru de A Escolinha do Professor Raimundo e dublador de Popeye; Alf, o ETeimoso; Scooby-Doo e outros]. O personagem celebrizou sua entrada em cena sempre com a ladainha “pezinho pra frente, pezinho pra trás…” O parceiro de Drummond no quadro de Patacotaco era o também comediante Otávio França.
Diário da Noite – 1953
O programam Um Pulga Na Camisola, ainda em 1953, também passou a ser exibido pela TV Tupi. Na televisão, o parceiro de Drummond era o comediante Radamés Celestino.
Diário da Noite – 1955
Uma Pulga Na Camisola ficou no ar de 1953 até 1958, sempre com muito sucesso. Também foi transformado em peça de teatro de revista por Max Nunes em parceria com J. Maia. Patacotaco foi, seguramente, o primeiro personagem índio do humor brasileiro, tendo sido reeditado pelo próprio Orlando Drummond em parceria com Paulo Silvino no programa Zorra Total, na TV Globo.
Paulo Silvino e Orlando Drummond
Clique no player e ouça um trecho do quadro Patacotaco veiculado pela Rádio Tupi, em 1954. Nesse esquete, excepcionalmente, surge a esposa do índio, que foi interpretada pela comediante Zezé Macedo, e teve também a participação de Nádia Maria, outra comediante brasileira.
Rua da Alegria – Rádio Tupi RJ – de 1948 a 1952 Alegria da Rua – Rádio Mayrink Veiga – de 1952 a 1960 Programa criado por Antônio Maria [Araújo de Morais] (17/03/1921-PE / 15/10/1964-RJ).
Antônio Maria, criador de Rua da Alegria
Antônio Maria escrevia, produzia e apresentava o programa contracenando com os tipos que passavam por aquela rua. Em Rua da Alegria o elenco era constituído pelos humoristas da Rádio Tupi-RJ: Nancy Wanderley, Abel Pera, Otávio França, Nádia Maria, Matinhos, Hamilton Ferreira, Orlando Drummond, Castro Gonzaga, Duarte Morais, Haydée Fernandes e Maria do Carmo.
Nancy Wanderley, ora nordestina ora uma esnobe
Matinhos
Abel Pera
Nádia Maria
Orlando Drummond ainda jovem
Hamilton Ferreira, personagem maluco
De baixo para cima: João Fernandes, Otávio França, Castro Gonzaga e Abel Pera
Em 1952, Antônia Maria transferiu-se para a Rádio Mayrink Veiga, assim como a maior parte do elenco. Uma alteração na ordem das palavras e surgia, então, Alegria da Rua, mantendo os mesmo moldes do programa da Tupi.
Revista do rádio 1953
A diferença é que o programa recebia o reforço dos humoristas mayrinkianos, tais como: Zé Trindade, Germano, Antônio Carlos Pires…
Zé Trindade
Germano, o eterno calouro Cazuza
Antônio Carlos Pires
Clique no player e ouça um trecho de Rua da Alegria, na Rádio Tupi-RJ, no ano de 1952. A locução de abertura é de Antônio Luiz. A apresentação é do próprio Antônio Maria, que contracena com o personagem Lúcia, contador de causos, interpretado por Abel Pera.