DURVAL DE SOUZA [1928 Matão/SP — 1982 São Paulo/SP]
Durval de Souza é um dos maiores nomes de tv brasileira. Foi contrarregra, tradutor, dublador, narrador, produtor, diretor, ator dramático, humorista e comediante.
Começou na televisão em 1952 na TV Record, atendendo a convite de um colega que cursava com ele a Escola de Arte Dramática de São Paulo, onde ambos eram alunos de Adolfo Celli e Ziembinsky. Trabalhando inicialmente atrás das câmeras como contrarregra, ele não tardou a a passar também para a frente das lentes, tendo sido convidado a interpretar papéis dramáticos.
E em 1953 Durval já recebia seu primeiro Troféu Roquette Pinto [o Oscar da tv e do rádio, na época] como revelação do ano. Ao todo foram 5 troféus Roquette Pinto: um como melhor teleator humorístico e três como melhor produtor de programas infantis.
Seu primeiro programa solo foi “Durval, o garoto-propaganda”, em 1956.
Foi Durval o idealizador, produtor e diretor de um dos primeiros programas infantis: a Grande Gincana Kibon. Tendo também produzido outro famoso programa: o Pulmann Jr.
Incentivador da música como ferramenta de ensino, produziu e dirigiu nos anos 60, o Concurso de Bandas e Fanfarras entre as escolas do estado de São Paulo. Durval de Souza sempre foi muito querido por todos aqueles que com ele compartilhavam os bastidores e as cenas na televisão.
Eclético, Durval de Souza era capaz de interpretar um personagem dramático como Lampião e com a mesma desenvoltura interpretar um lorde inglês ou um delicado costureiro francês.
Participou, ora como “escada” ora como comediante, dos shows de maior sucesso nos anos 60/70. Na TV Record : O Abre-Alas, Show 713, Papai Sabe Nada (com Renato Côrte Real), Grande Show União (com Consuelo Leandro), Grande Show Rivo, Horário Nobrega, Chico Anysio Show, Praça da Alegria e Família Trapo, onde substituiu Jô Soares, fazendo o mordomo francês Bernard Taillan. Na TV Tupi: Bacará 76, Domingo Alegre e Os Trapalhões com quem migrou para a TV Globo, sendo esse o seu último trabalho.
Mas foi sua performance com Hitler a sua marca registrada. Durval fazia um Hitler melhor que o próprio Hitler. Tanto é que ao participar da novela humorística Quem Bate, em 1965, apesar de ser uma imitação numa comédia, o jardim de sua casa várias vezes amanheceu bombardeada por ovos lançados por telespectadores, numa espécie de vingança contra o ditador austríaco.
Existe na televisão uma cena folclórica com várias versões apontando vários protagonistas. Mas, mais de uma fonte, me confirmou ter sido Durval de Souza o primeiro protagonista. Quando em 1952 Durval começou a trabalhar na TV Record, ali o diretor-geral era ninguém menos que Dr Paulo Machado de Carvalho. Um dia, o telefone tocou na sala de produção onde o atarefado Durval trabalhava. Ele atende:
— Alô?
— Por favor, eu preciso falar com fulano de tal.
— Ele não está no momento.
— Então, por favor, vá procura-lo.
— Agora não posso. Tou muito ocupado.
— Mas eu preciso falar urgente com ele.
— Liga mais tarde, que agora não dá.
— Escuta, você sabe quem está falando aqui?
— Não. Quem é?
— Aqui é o Dr Paulo Machado de Carvalho.
— Ah, Dr. Paulo? E o senhor sabe quem tá falando aqui?
— Não.
— Graças a Deus! – E Durval desligou rapidinho o telefone.
Clique no player e assista a uma cena do especial A Dama das Camélias, TV Record, 1967. Dela participam Jorge Loredo [o eterno Zé Bonitinho], Hebe Camargo, Zilda Cardoso e Durval da Souza. Destaque para Durval de Souza, interpretando o afeminado Chamonix.