Baú do Maga

Turminha Brava Bardahl

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No início dos anos 1950 a produtora americana Miller, MacKay, Hoech & Hartung criou para a Bardahl um grupo de personagens cujo ideal era desgastar e acabar com motor dos veículos. Tal grupo de malfeitores – formado por Black Carbon, Dirty Sludge, Gummy Rings e Sticky Valves ­– foi batizado de Grimer Gang. E para combater “os do mal” foi criado o personagem “do bem”, o detetive Bardahl. 

The Grimer Gang x Detective Bardahl

The Grimer Gang x Detective Bardahl

Segundo consta em pesquisas, o detetive Bardahl foi criado com base no personagem Joe Friday [interpretado por Jack Webb], detetive da série Dragnet (termo que indica batida policial).

Joe Friday da série americana Dragnet

Joe Friday da série americana Dragnet

Os comerciais em forma de desenho animado não apenas aumentaram as vendas de Bardahl como fizeram os personagens de Grimer Gang caírem no gosto popular. Clique no player e assista a um comercial original de Grimer Gang de 1959.

O conceito da campanha da Bardahl era simples e objetivo: o Detetive Bardahl protegia o motor do carro contra os terríveis ataques da  Grimer Gang. Era o bem sempre vencendo o mal.

Cartaz promocional americano da Grimer Gang

Cartaz promocional americano da Grimer Gang

Em 1956 a Bardahl resolveu trazer os seus personagens para o Brasil.  Aqui a Grimer Gang foi batizada de A Turminha Brava e seus personagens foram rebatizados com versões aproximadas de seus nomes originais. Black Carbon tornou-se Carvãozinho; Sticky Valves foi transformado em Chico Válvula Presa; Gummy Rings no Zé dos Anéis Presos e Dirty Sludge em Antônio Sujo. Inicialmente a Turminha Brava era veiculada apenas em anúncios nos principais jornais de 1956.

Folha de São Paulo 1956

Folha de São Paulo 1956

Estadão - 1956

Estadão – 1956

Última Hora - 1956

Última Hora – 1956

Diário da Noite - 1956

Diário da Noite – 1956

Os comerciais em forma de desenho animado passaram a ser veiculados na tv apenas a partir de 1957. Eram os mesmos produzidos nos Estados Unidos, porém com dublagem brasileira. Um dos dubladores era Gastão Renê, dono de uma excelente voz caricata. Clique no player e assista e um comercial da Turminha Brava no final dos anos 1950.

Os comerciais, que tinham inicialmente a assinatura “Com Bardahl tudo anda bem”, e posteriormente “Tudo anda bem com Bardahl”, enfocavam ora a Turminha ora apenas algum de seus componentes. Clique no player e assista a um comercial enfocando Chico Válvula Presa (na voz do comediante Gastão Renê), no final do anos 1950. 

Os comerciais de televisão fizeram com que a Turminha Brava se tornasse querida do público, sobretudo do público infantil.

Cartaz promocional da Turminha Brava

Cartaz promocional da Turminha Brava

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Cartaz promocional da Turminha Brava

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Cartaz promocional da Turminha Brava

Não demoraram para surgir brindes  com os bonecos da Turminha Brava que eram ofertados em postos de gasolina para serem colocados no retrovisor dos veículos. 

Brinde - Bonequinho do Zé dos Anéis Presos

Bonequinho do Zé dos Anéis Presos

A partir de 1963 a Turminha Brava passou a contar com uma aliada criada: a Clarimunda, especialmente para o mercado brasileiro. Clarimunda tinha um corpo curvilíneo, uma representação perfeita de mulher brasileira. Da mesma forma como acontecera com a Turminha Brava, Clarimunda foi introduzida inicialmente através dos jornais.

Última Hora - 1963

Última Hora – 1963

Mas logo Clarimunda participaria dos novos desenhos da Turminha Brava, já aqui produzidos, ainda nos tempos do branco e preto.  Clique no player e assista a um comercial da Turminha Brava já nos anos 1960. 

Assim como os seus companheiros, o personagem da Clarimunda também caiu no gosto popular.

Folha de São Paulo - 1963

Folha de São Paulo – 1963

Prova é que, nos anos 60, havia um determinado tipo de mulher que era apelidado de Clarimunda: a feia de cara, mas boa de bunda. Clique no player e assista u comercial em que Clarimunda tenta seduzir um motorista.

O último elemento da Turminha Brava foi criado em 1984. Seu nome era Kidesgaste e seu tipo já não mais lembrava os gângsteres americanos.

Revista Veja - 1984

Revista Veja – 1984

A partir de 1994 a Turminha Brava da Bardahl foi totalmente recriada como conceito de personagens e figurinos. Tomando a referência visual do filme Dick Tracy, de 1990, o detetive Bardahl ressurgia num novo figurino lutando agora contra a Motor Gang com os personagens Crazy Water, Bad Oil, Motor Killer e Kid Smoke, tendo a sensual Drag Car no papel feminino.

Revista Veja - 1995

Revista Veja – 1995

Mas o que ficou na memória foram o charme e a graça a primeira turminha em preto e branco.        

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Teobaldo e o Boko Moko

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Os anos 60 trouxeram para o Brasil, entre outras coisas, o rock, o jeans e a Coca-Cola. Ser jovem era sinônimo de consumir ao menos dois desses três itens. Isso fez com que o guaraná, refrigerante genuinamente brasileiro, tivesse o seu consumo diminuído drasticamente. As pesquisas realizadas identificavam que o refrigerante guaraná estava associado a crianças e idosos, não aos jovens.
Coube, então, à agência de propagandas Almap, que detinha a conta da Antártica, reverter esse processo.  Era preciso criar uma campanha a fim de atrair novamente o público jovem para a bebida nacional. O projeto foi confiado a Júlio Cosi Jr., diretor de criação da agência.  Depois de muitos embates e debates com a equipe de redatores, um deles teve um estalo: “E por que não criar um personagem jovem, que gosta de guaraná, mas que tem medo e vergonha de pedir porque é considerado refrigerante de gente quadrada?” Essa ideia veio do redator e assistente de criação, o genial Sérgio Andrade (1928-2009), o Arapuã, ou mestre Arapa.

Sérgio Andrade, o Arapuã

Sérgio Andrade, o Arapuã

Arapuã sugeria um personagem jovem com todas as suas dúvidas e seus eventuais vacilos.  E sentenciou: “Seu nome é Teobaldo”. Foi marcada uma reunião com conselheiros da Antártica juntamente com Walter Belian, presidente da companhia. Arapuã fala do Teobaldo e Belian aceita na hora, inclusive, chamando Arapuã de Teobaldo ao final da reunião.
Seria necessário, portanto, encontrar um ator para fazer o Teobaldo. Arapuã achava que não deveria ser galã e sim ter uma cara engraçada. A sugestão veio de Júlio Xavier da Silveira, diretor do Departamento de Cinema e Televisão. Lembrava ele de um ator, ainda em princípio de carreira, que fizera figuração em diversos programas de humor. E quem era o ator? Tratava-se de Roberto Marquis.

Roberto Marquis, o Teobaldo

Roberto Marquis, o Teobaldo

Roberto Marquis aceitou prontamente fazer a campanha.  Todos os filmes da campanha foram feitos pela dupla Júlio Xavier da Silveira e Zé Pinto.

Júlio Xavier e Zé Pinto

Júlio Xavier e Zé Pinto

O primeiro comercial foi posto no ar em 1970 e o seu sucesso foi tão grande que em pouco menos de três meses o Guaraná Antártica voltou ao topo das vendas. Clique no vídeo abaixo e assista ao primeiro comercial do personagem Teobaldo.

Com o enorme sucesso de Teobaldo como um anti-herói, Arapuã resolveu criar a seguir aquele que seria o seu arqui-inimigo: O Boko Moko. Boko Moko foi uma expressão criada por Arapuã para adjetivar quem estivesse por fora da onda, ou seja, quem não tomasse Guaraná Antártica. Clique no vídeo abaixo e assista a um comercial de Teobaldo falando do Boko Moko (postado por Almanaque da Comunicação).

Muito se especulou sobre a criação do termo Boko Moko. Houve quem dissesse ser uma mistura de bocó com mocorongo. Porém,  Sérgio Augusto Andrade, o Arapinha, filho de Arapuã, diz que nem o pai sabia explicar muito bem o porquê de haver batizado o vilão com aquele termo.
O fato é que por muito tempo Boko Moko esteve no dicionário da gíria brasileira e Roberto Marquis acabou assumindo Teobaldo como nome artístico. Ele ainda está na ativa, morando na cidade de Praia Grande, em São Paulo. 

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