Em meados de 1954, a PRF-3, TV Tupi de São Paulo [à época chamada de A Pioneira] lançava em sua programação a novela infanto-juvenil chama O Falcão Negro. Uma criação de Péricles Leal [que com apenas 24 anos também assinava o roteiro e a direção], O Falcão Negro consagrou rapidamente o personagem de capa-e-espada, transformando a novela num autêntico seriado de aventuras.
Inspirado no personagem de Robin Hood, com pitadas de O Zorro, o Falcão Negro era o alter ego de Jean Saint-Germain, nobre da corte francesa na Idade Média, cuja família fora morta pelo terrível barão Malik. O nobre Jean Saint-Germain teve, então, no caminho de sua vingança, um encontro inesperado com os Bandoleiros da Floresta, uma espécie de grupo rebelde, inimigo do barão Malik. Ali o nobre Jean conheceu os bandoleiros Raposa, Pé-de-Coelho, Sorriso, Louro… todos eles capitaneados pelo Pardal. E foi o próprio Pardal que, ao ver a determinação de Jean contra o barão, lembrou das palavras de Negro Vento, um velho maluco que anda pela floresta. Dizia ele: “Um dia, um falcão negro sobrevoará esta região e, empunhando uma espada, libertará o seu povo”. Surgia, então, o Falcão Negro, espadachim dos melhores, que usava uma máscara e tinha um falcão tatuado numa espécie de colete de couro. E no combate a todas as maldades, o Falcão Negro tinha como motivação o amor pela doce Lady Bela, também uma nobre. Péricles Leal convocou José Parisi, um dos galãs da época, para viver o Personagem do Falcão Negro.
Já a atriz Zuleika Maria foi convidada para interpretar a Lady Bela, que fazia o par romântico com o herói.
O Falcão Negro e Lady Bela formaram o primeiro par romântico de um seriado de aventura na televisão brasileira.
E como dado interessante sabe-se que o personagem do Pé-de-Coelho foi interpretado primeiramente por um jovem de 17 anos chamado José Bonifácio, que iniciara há pouco e televisão. Mais tarde, José Bonifácio (de Oliveira Sobrinho) seria chamado apenas de Boni, um dos maiores nomes da história da televisão brasileira. Era a época da tv ao vivo, pois o vídeo-tape ainda não havia chegado ao Brasil. As lutas de espada ocorriam quase de forma verídica em meio a cenários de florestas, pontes levadiças e interior de castelos, tudo criado pelos cenógrafos Klauss Frankie e Alexander Korowajcz. E é claro que erros em cena aconteciam.
Entretanto, problemas em cena não eram capazes de ofuscar o sucesso que a série fazia em São Paulo, aumentando dia a dia a audiência do Falcão Negro sempre às 19 horas.Três anos depois da estreia em São Paulo, em 1957, O Falcão Negro estrearia pela TV Tupi do Rio de Janeiro tendo tendo Gilberto Martinho como Falcão Negro e Haydée Miranda no papel de Lady Bela.
No ano seguinte, Haydée Miranda sairia do seriado e sua substituição causou grande expectativa a ponto de os jornais anunciarem com ênfase a nova Lady Bela: Delly Azevedo. Com Delly Azevedo no elenco o sucesso do Falcão Negro no Rio Janeiro foi amior até do que em São Paulo.
Assim como José Parisi, em São Paulo, Gilberto Martinho dedicava-se ao máximo nas cenas de luta do herói espadachim tendo como resultado muitas idas e vindas ao pronto-socorro.Além de Zuleika Maria, Haydée Miranda e Delly Azavedo, a Lady Bela também foi interpretada pelas atrizes Renée Mara, Paulete Silva e Leda Vale. Porém, independente da co-protagonista, o fato é que – segundo se dizia à época – Gilberto Martinho vivia e respirada o Falcão Negro 24 horas por dia.
Ficaram célebres as lutas de capa e espada que o Falcão Negro [Gilberto Martinho] teve com seus inimigos [na foto, o ator Dari Reis].
O sucesso de O Falcão Negro pôde ser medido no carnaval de 1960 quando tornaram-se comuns os anúncios em jornal de fantasias infantis do herói.
O sucesso do seriado teve como consequência a transposição do herói para as revistas em quadrinhos produzida pela Editora Garimar.
Em 1958 também foi lançado um LP pela gravadora Carroussel, produzido por Péricles Leal, com música e direção musical do maestro Alceu Bocchino e coordenação de Stockler de Moraes.
Até na sátira à figura de famosos políticos da época havia alusão ao herói mascarado como se pode ver na imagem abaixo a figura de Armando Falcão, ministro da justiça do governo de Juscelino Kubitscheck. O programa manteve-se no ar até 1963 sempre com enorme sucesso. Clique no link e ouça um trecho de As Aventuras de O Falcão Negro.