Lírio Mário da Costa (1923-1995), o Costinha, nasceu no bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro, terra de Noel Rosa e Martinho da Vila. Flamenguista fanático, viu-se desde pequeno participando de esquetes de circo acompanhando seu pai, que era conhecido como Palhaço Bocó. Ainda com o nome de Mário Costa, começou a trabalhar em rádio, em meados dos anos 40, como contrarregra da Rádio Tamoio.
Por ser muito alegre e viver contando piadas o dia todo, recebeu uma oportunidade de demonstrar seu talento num programam chamado Vesperal das Moças. Não demorou muito para que fosse convidado pela Rádio Mayrink Veiga para participar de seus programas humorísticos. Ele não pensou duas vezes e logo estava participando de programas como Recruta 23, Riso das Ruas e Cadeira de Barbeiro, sempre usando o nome Mário Costa.
Atuava como radio-ator e também como sonoplasta.
Assumiu o nome artístico Costinha em 1953 por sugestão da vedete Siwa – e esposa do comediante Vagareza – quando ela o contratou para um espetáculo de sua companhia teatral chamado Uma Pulga Na Camisola.
Costinha tornou-se famoso no teatro de revista e isso fez com que a TV Rio o contratasse para seu elenco de comediantes. Feira Mais ou Menos Livre e Botando Banca foram os dois primeiros programas de Costinha em televisão. Mas a consagração viria em Noites Cariocas e A Cidade Se Diverte. Sabendo usar como poucos a expressão facial e corporal, Costinha tornou-se rapidamente um dos comediantes mais queridos da televisão. Foi num desses programas que, certo dia, o microfone “vazou” na frente do vídeo em num programa ao vivo. Costinha não perdeu a oportunidade e mandou um “miau” e todo mundo riu. Esse “miau” o acompanhou durante toda a carreira televisiva sempre antecedida por um pedido para que o “boom man” (o operador do microfone) baixasse o microfone para que este pudesse entrar em cena. Costinha, ao lado de Dercy Gonçalves, talvez tenha sido o comediante a receber o maior número de suspensões dos programas humorísticos por causa de suas piadas consideradas pornográficas. Certa vez, ainda no tempo do programa ao vivo, Costinha estava na TV Excelsior do Rio, fazendo ao vivo seu programam “De frente com Costinha”. Nos bastidores estava o pastor alemão chamado Radar, que iria gravar o último capítulo da novela Vidas Cruzadas. No meio do esquete Costinha, fazendo uma bichinha, disse: “ Nossa, ali tem um gato!” No mesmo momento, por coincidência, o Radar começou a latir. Costinha 1aproveitou a deixa para meter um caco e dizer: “Ainda bem que eu falei em gato. Se eu falasse em veado, acho que essa fera ia acabar me matando!” Foi uma gargalhada geral. E dias depois mais uma suspensão de 30 dias pela censura. A TV Excelsior, do Rio de Janeiro, foi uma das que mais sofreu com suas ausências uma vez que o Comitê de Censura do Estado Da Guanabara não lhe dava tréguas.
Segundo o próprio Costinha, foi ele o causador de os programas humorísticos deixarem de ser exibidos ao vivo e passarem a ser gravados previamente. Era o modo que a censura havia encontrado para “tesourar” aquilo que achasse excessivamente pornográfico para ir ao ar. Em 1965, Costinha – imitando uma bicha, como sempre – resolver botar um “caco” em cena. Ao ser confrontado por um homem disse: “audácia do bofe!”, termo que se tornou bordão popular durante bom tempo. Mas o bordão trouxe-lhe nova suspensão. O fato ocorreu porque Costinha, dentro do personagem, resolveu dizer que seu relógio era da marca Roscofe. Quando o sujeito pedia para ver as horas, Costinha dizia: “Quer ver o meu Roscofe? Audácia do bofe!”
[O termo roscofe significa relógio vagabundo. Sua origem vem de uma antiga marca de relógio suíço, homenagem ao relojoeiro suíço G. R. Roskopf. Entretanto, roscofe tem outro significado, muito utilizado no Nordeste: cu] Sem perder tempo, Costinha, apesar da suspensão, gravou a marchinha “Audácia do Bofe” para o carnaval de 1966. Clique no player e ouça Costinha cantando a marchinha Audácia do Bofe.